segunda-feira, 25 de abril de 2011

Reinações de Narizinho

Reinações de Narizinho é um livro infantil de autoria de Monteiro Lobato (1931). É o livro que serve de propulsor à série que seria protagonizada no Sítio do Picapau Amarelo.
Apresenta os personagens de grande sucesso: Emília, a boneca que fala, Pedrinho e Narizinho, as crianças que partem nas aventuras, o Visconde de Sabugosa, o sabugo de milho que é um sábio,Dona BentaTia Nastácia, o Marquês de Rabicó e outros.
O livro é composto de várias pequenas histórias, previamente publicadas, compostas em capítulos. Algumas histórias são plenamente originais, enquanto outras histórias são interessantes combinações utilizando histórias e personagens já conhecidos, como a visita dos personagens do Mundo das Maravilhas, incluindo as princesas Branca de Neve e Cinderela e Aladim. Monteiro Lobato, dessa forma, já utilizava em 1931 a técnica que recentemente fez o sucesso da animação cinematográfica Shrek.
O fato do livro ser composto de várias histórias é evidenciado por pequenos lapsos de continuidade, assim como por alguns trechos com explicação que só fariam sentido em publicações separadas. Ou seja, o livro Reinações de Narizinho é um livro que mostra todos os livros já escritos por Monteiro Lobato.
Reinações de Narizinho é uma dos melhores obras da literatura infantil porém, já mostra algumas inadequações ao contexto sócio-político atual. Dois problemas que podem ser facilmente identificados são, a linguagem antiga, já em desuso, e a abordagem preconceituosa e politicamente incorreta (mas aceita na época quando foi escrito) dada ao personagem negro, Tia Nastácia.
Jeca Tatuzinho
Jeca Tatu é um personagem criado por Monteiro Lobato em sua obra Urupês, que contém 14 histórias baseadas no trabalhador rural paulista. Simboliza a situação do caboclo brasileiro, abandonado pelos poderes públicos às doenças seu atraso e à indigência.
"Jeca Tatu não é assim, ele está assim".
A frase de Monteiro Lobato, sobre um dos seus mais populares personagens, refere sua obra para além das histórias infantis e incomoda a elite intelectual da época, acostumada a uma visão romântica do homem do campo. Jeca Tatu, um caipira de barba rala e calcanhares rachados – porque não gostava de usar sapatos, era pobre, ignorante e avesso aos hábitos de higiene urbanos. Morava na região do Vale do Paraíba (SP), distinta por seu atraso.
O personagem Jeca Tatu e a análise dele feita por Monteiro Lobato conto Urupês e no artigo "Velha Praga" de Monteiro Lobato, é assim explicado pelo folclorista Cornélio Pires, quando analisa o caipira caboclo:
Coitado do meu patrício!, (o caipira caboclo), Apesar dos governos os outros caipiras se vão endireitando à custa do próprio esforço, ignorantes de noções de higiene… Só ele, o caboclo, ficou mumbava, sujo e ruim! Ele não tem culpa… Ele nada sabe. Foi um desses indivíduos que Monteiro Lobato estudou, criando o Jeca Tatu, erradamente dado como representante do caipira em geral!

Cornélio Pires
O trabalho do escritor voltado para várias questões sociais, dentre elas a saúde pública no país, repercute na política e na campanha sanitarista da década de 1920, denunciando a precariedade da saúde das populações rurais, com impacto na redefinição das atribuições do governo no campo da saúde.
Num primeiro momento, em artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, (1914), Lobato pensa o caboclo como uma praga nacional:funesto parasita da terra (…) homem baldio, inadaptável à civilização (…), responsabilizando-o pelos problemas da agricultura.
A história do Jeca Tatu relaciona-se com a de Lobato. Segundo seus biógrafos, em 1911, ele herda do avô a fazenda Buquira, no Vale do Paraíba (SP), tornando-se fazendeiro. Desentende-se com empregados e cria uma figura desqualificada do caipira, tomando o caipira caboclo como protótipo do caipira, considerando-o preguiçoso demais para promover melhorias no seu modus vivendi.
No entanto, no bojo das campanhas sanitaristas, Monteiro Lobato modifica sua análise do problema: Pobre Jeca. Como és bonito no romance e feio na realidade., transformando-o num novo símbolo de brasilidade. Não por acaso, em 1924, foi criado o personagem radiofônico Jeca Tatuzinho, que ensinava noções de higiene e saneamento às crianças.

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